TOCÁVEL



A terra se foi. Na verdade quem foi é o gramado e todo um jardim histórico diante do manuseio dos tratores a fuçar e consolidar as mudanças. Ninguém ousava prever este momento. Até mesmo os diz-que-diz-que dos corredores apenas firmavam comentários triviais porque para o detentor da força da instituição o jardim era intocável. Mas quem pode afirmar que na terra do amanhã existe algo intocável? Ainda mais quando o assunto é “interesse”. O barulho começou cedo. Operários, técnicos, engenheiros e toda uma casta de entendidos fuçam sem parar para adequar o projeto. Ali – além do quero-quero companheiro de longa data – tem um pinheiro, um pé de butiá e outras arvores que se misturam ao gramado que hoje é provisório . Quem diria! Gramado provisório!Mas o quero-quero, o pinheiro e o pé de butiá não são provisórios! O que irá acontecer? Perguntar pra que! Irão sair dali! Afinal de contas, não estão inclusos no projeto! Algo que passou anos e mais anos zelado, tratado e não observado pela leva dos inúmeros clientes ou pior visitantes do ambiente da dor a procurar noticias do ente enfermo que lá se mantêm ativo e nunca provisório está se despedindo. Alguém ira sentir falta do gramado? Acredito que não. O novo é sempre bem vindo. É hospitaleiro ao olhar e muito agradável enquanto os defeitos não são descobertos. Mas que defeitos? O projeto não prevê defeitos! Pelo menos nada consta nos autos do processo que o projeto é feito para ser observado. Não tem um documento fiel para determinar esta causa. É uma causa tola - sem fundamentos - pois zelar, tratar e observar não é responsabilidade de um jardim e sim de um projeto. Ainda mais quando é observado que milhões circundaram seus limites num vai e vem vagaroso, penoso e desencorajador na busca de mudar uma condição “a dor”. Sim! O jardim tem que sair. É iminente a sua retirada para colaborar com o projeto, pois o hoje se faz presente e, portanto saiam com o jardim. Não! Quem disse não? Eu digo não! Quem é você não? Alguém. Como assim alguém! Porque se é alguém sem nome, sem cognome e sem influencia, então é nada! Nada não, eu sou o “não”. Ok então se faça presente! Sou o “não” a pedir. Sempre peço e quando acho que consegui, lá vem à resposta para aniquilar o meu momento. Mas então peça? Pedir pra que! Ou pra quem? Por favor, não! Peça! Ok vou pedir! Mude o projeto! Por quê? Faz-se necessário! Não posso! Por quê? Isto é responsabilidade do novo que irá surgir quando este se tornar provisório... Um delírio desastroso passou na minha mente. Esta confusão de necessidades, de desejos e suplicas para suprir a causa do ser, ou melhor, do intimo do ser. Penso muito quando sentado estou numa praça, e mais ainda no meu banco de praça. Penso como seria sem ao menos uma arvore, um pássaro perto. É ali o meu instante mágico a recordar, a mudar e muito mais descarregar. Os inúmeros que circundaram o jardim faziam isto “descarregavam”. A natureza sofre uma carga imensa. Somos eternos insatisfeitos e, portanto o pensar assola o nosso dia a dia para mudar . Amanhã é sempre a condição da transformação e se um dia isto não ocorrer... Os dias mudam rapidamente. É notado que o futuro deste século será ganhar com a saúde, ou seja, com a falta de saúde. Não será guerra por petróleo e sim por saúde. O gramado que dá espaço ao projeto de um estacionamento é a prova real disto. Alocado ficará o veiculo responsável pelo conforto e se alguém precisar descarregar a energia do ambiente não terá mais o jardim que daí sim será precioso, mas em compensação terá uma vaga garantida a esperar o provisório ente sair e dar espaço ao próximo que certamente nunca saberá que por ali houve um jardim ...

Comentários

  1. Então sugiro que tenha uma memória fotográfica para que suas lembranças do jardim nunca se apaguem!

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