RESISTENTES CONCLUEM O BRM 300 KM CURITIBA/TIBAGI

Resistentes concluem o BRM 300 km Curitiba/Tibagi e confirmam presença 100% nos desafios do Clube Audax CWB/2019. #ciclismoderesistencia

Observar com orgulho cada troféu, medalha e certificado do ano corrente, determina a imensa paixão pela longa distância, pois não foi um desafio, fácil. Nunca é! E, o corpo e mente, sofrem por demais a todo o momento a ação do ambiente. Caminhões apresentam os primórdios da existência, feito mamutes em fuga, sua imensa força esmagando o asfalto e ressoando seu barulho ensurdecedor, em cada descida ou reta. Infiltrado no meio ali está o “Guerreiro Randonneurs”. Firme, forte e atento para suportar com garra a peleja. Há também o potente vento emanado do gigante das estradas, que traz um tufão anti-herói e, faz a donzela possante de duas rodas quase ser arremessada da pista. Dentro desse cenário apocalíptico, a via irregular entra em ação e, mina totalmente as articulações, arma estratagemas a todo instante e caleja o espírito aguerrido para desistir. Todavia, o vírus da longa distância é potente. Aprofundado dentro do coração, faz com que os cavaleiros e amazonas das estradas se fortaleçam cada vez mais e sigam sua sina. Ufa! É paixão misturada com loucura e renúncia. Somente os fortes seguem, somente os fortes, praticam. Todas as fobias são estraçalhadas e ao término de cada desafio os laços de amizades se fortalecem mais e mais. Bem vindo (a) a família “Randonneurs”. Ô, José! Faz favor... Para de delirar e tasca o relato duma vez (risos). Bom, vamos lá ao tradicional clichê (risos): na matutina do dia 27/07/19 sucedeu o BRM 300 Km Curitiba/Tibagi. Seria um remember do anterior em 2017 ( BRM 300 km Curitiba/Imbituva), mas o toque mágico da organização para abrilhantar o evento mudou em alguns trechos o trajeto e o horário igualmente.

Todavia, o Power Trio da Equipe Ciclismo de Resistência estava presente com: Anderson Oliveira de Souza (o capitão), Isaias Domingues Batista(The Flash) e José Assumpção (o veterano). Apresentar-se ao chamado virou obrigação e pontualmente às 6 horas a largada ocorreu. Porém, houve o tradicional discurso protetor do Presidente do Clube Audax CWB, Cícero Britto e logo após mais de dez Randonneurs partiram para o imprevisível. Dessa vez a largada fora no bairro Bacacheri e cruzar a parte urbana da cidade de Curitiba o primeiro entrave. O sábado preguiçoso trouxe certa paz ao trânsito costumeiro e agitado dos dias normais. Contudo, a cautela deve ser mantida, sempre. Seguimos pelo pavimento reformado da Rua Nicaraguá e alguns metros adiante acessamos a Avenida Paraná. O dia e a luz da manhã adiavam a presença, mas o apetite voraz dos Randonneurs determinava ritmo forte e em poucos minutos o início da BR 277 era conquistado. Somente nas cercanias de Campo Largo, perto da Igreja da Rondinha, o dia se fortaleceu e despejou sua luz irradiante. Estabelecimentos fechados, casas adormecidas e estrada com fluxo intenso de caminhões, diziam que a luta seria intensa. Dessa maneira para apimentar o enredo, o péssimo pavimento do acostamento seguiria na ida e na volta. Será? Até a praça de pedágio em Witmarsum o rugoso piso, em alguns longos trechos, afetava silenciosamente ombros e joelhos. Na verdade o corpo inteiro tremia. Era uma constante britadeira em atividade. Que dureza! Pensei de imediato, pois o trecho da Avenida Souza Naves, na cidade de Ponta Grossa, até o acesso ao PC2, em 2017 a condição era lamentosa. Sem acostamento e perigo iminente na via repleta de caminhões, o acidente batia à porta. Enfim, a conquista do céu muito distante e o inferno presente em cada metro, abalavam o psicológico. Por outro lado, após a praça de pedágio a neguinha (minha bicicleta), seguia no piloto automático, pois o pavimento do acostamento é magnífico. Juntando-se com a maestria da paisagem, o encanto trazia alento em abundância. Vila Velha, a ponte sobre o Rio Tibagi e, parte do Planalto Paranaense (Escarpa Devoniana) a visão contemplava e se inebriava. São fragmentos que somente o ciclista tem o privilégio de observar atentamente. Todavia, o acesso ao Parque Industrial em Ponta Grossa se aproximava. Novamente o pavimento sujo e mal conservado do acostamento se fazia presente. Vencer rapidamente esse trecho a meta, no entanto, o PC2 estava distante e, paramos rapidamente no PC localizado no Auto Posto Trevo, que fez parte do BRM de 2017. Reabastecimento rápido, bora encarar a Avenida Souza Naves. Esse trecho é muito perigoso porque caminhões e veículos de pequeno porte disputam espaço e, o ciclista por sua vez, é sempre o intruso. Estranhei o trecho de terceira faixa antes do acesso a avenida e mais ainda a vala presente e rente ao bordo da pista. Logo em seguida o acesso confuso indicava o término e naquele instante um caminhão nos alcançara. Instante de muita tensão porque o motorista passou a poucos centímetros de nós. Cair naquela vala era fim de prova. Enfim, estávamos na temida avenida e, para espanto geral, recaparam a pista, refizeram o acostamento e somente em alguns trechos inexiste ainda. Devemos lembrar que, as estradas em nosso país não são planejadas para a pratica do ciclismo. Será? Bom, vencido o trecho, a BR 376 seria a próxima etapa e uma placa indicava a duplicação da via. Que espanto! Acostamento perfeito e largo, esgotavam todos os predicados para enaltecer a obra. Pensei:

– Cara, quem planejou essa obra só pode ser ciclista, não há outra explicação! E, assim seguiu até o PC2. É claro que isso ajuda e muito, contudo, os longos declives são acrescidos de intermináveis aclives (risos). A placa mostrando 6 km até a Parada do Pão de Queijo em Tibagi, parecia interminável. É meu camarada (risos), a mente começava a entrar em ação. Alimentação reforçada, tudo checado, bora encarar o retorno. Naquele momento os Resistentes venciam metade do desafio antes das duas da tarde. Manter um ritmo confortável e cuidado com o tempo conquistado, as próximas metas. Mais uma vez os olhos se inebriavam com a paisagem de Tibagi. Cruzamos praticamente duas ou três vezes o Rio Tibagi, avistávamos imensos campos de plantação e a espessa mata nativa agoniar e sobreviver no meio. Céu com algumas nuvens gris e tímidas, apenas passavam sobre nós e mantinham sombra deliciosa. Todavia, a temperatura perto dos vinte graus era um show a parte. Nem mesmo o vento forte esteve presente e a tal chuva esperada e temida por muitos se isolou em outro canto do imenso, Brasil. Contudo, preciso acionar o freio do teclado por alguns instantes e, recapitular 2017. Hoje, um pouco mais experiente, precisava tentar alcançar o passado. Mudei as rodas da neguinha para sentir a dificuldade do percurso trazendo as utilizadas naquela ocasião e, resgatar ou tentar sentir um pouco do pretérito precioso que ensina e corrige erros. Tomada a decisão assim seguiu até o término da batalha. Após a saída do PC2 uma mistura de alegria e temor, mais saudade e inquietação se alojaram impiedosamente. O Silêncio prevaleceu. Para o Randonneurs esse momento é o pior com toda certeza. Nem mesmo as dores físicas conseguem superar a dor invisível da alma. Todavia, lutar e lutar com todas as forças e espantar a energia ruim. Vencido os 30 km entre Tibagi e o Parque Industrial de Ponta Grossa o PC3 estava muito perto e a noite também. Alimentação rápida, checagem dos equipamentos, iluminação e colete refletivo, partiu para Curitiba, partiu para fechar. Após as dezoito horas, superávamos a praça de pedágio em Witmarsum. O conforto do pavimento deixado para traz a cada metro superado, agora era lembrado a cada metro sujo, rugoso e com falhas até a chegada. A fase da lua minguante deixou o céu mais negro e o barulho dos gigantes das estradas mais intenso. Minha mente estava em plena confusão e baderna. Onde a segurança é notória devido ao baixo fluxo de caminhões, o silêncio me enleia. Estranhamente necessito do barulho dos caminhões. Parece companheiros imperfeitos que espantam o sono, a solidão e, empurram você para mais perto do lar. Logo, mais uma praça de pedágio era vencida e a neblina espessa a armadilha na descida. A Serra em São Luis do Purunã é muito bandida. Basta um instante de vacilo e ponto final. E, aquele instante se chamava, noite. Crepúsculo potente, corpo extenuado e olhos marejados pelo vento da descida. O óculos de proteção afetava a visão, então, o jeito era descer com muita, mas muita cautela. Poucos quilômetros para o término do desafio são os piores. A ansiedade reina absoluta. Contudo, havia tempo de sobra e o ritmo diminuiu. Será (risos)? Pedalar com Anderson Oliveira e Isaías Domingues não é tarefa fácil. O ritmo nunca diminui (risos), mas a companhia é excepcional e, próximo das vinte e duas horas estávamos no Parque Barigui.

A fome se apossou copiosamente da mesma maneira que em 2017. Sentia que o objetivo fora alcançado para entender a necessidade de sempre aprender com os erros do passado e a teimosia, principalmente. Alimentação rápida bora fechar o BRM. Cruzar novamente a parte urbana da cidade o drama, mas, perto das vinte e duas horas e vinte minutos chegávamos onde tudo começou. Sempre alegre o amigo Fábio Escuissatonos recebia e entregava o troféu. Após cumprimentar e despedir se de todos, a nova meta era o lar. Galgar as subidas do meu Pilarzito querido tinha um toque diferente. Ali, a mente entrava em estado de felicidade plena e o agradecimento a Nossa Senhora Aparecida minha protetora e a Deus e família pela paciência, sempre.

Vaaaaaaaaaaaaaleu!!!

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