EQUIPE CICLISMO DE RESISTÊNCIA FECHA O BRM 400 KM ORGANIZADO PELO CLUBE AUDAX CWB

Foram muitos entraves! Sim, inúmeros. Mas, a persistência prevalece sempre e o companheirismo, igualmente. Creio que, essa marca ficará balizada com pilares de ouro em cada coração Randonneurs presente neste BRM. Bom, vamos ao tradicional clichê (risos). Dia 25/05/2019 sucedeu o BRM 400 km organizado com maestria pelo Clube Audax CWB. Mais de 20 guerreiros “Randonneurs” largaram da Pizzaria Altas Horas em direção ao imprevisível e, a Equipe Ciclismo de Resistência presente com três hombres resistentes (risos): Anderson Oliveira de Souza (o capitão), Isaias Domingues Batista (The Flash) e José Assumpção Alcunha Giba (o veterano), novamente respondiam ao chamado e confirmavam os cem por cento de aproveitamento da série. Por outro lado, imprevisível é uma palavra muito íntima e pessoal quando o assunto é desbravar as estradas em nosso país, instigado por duas rodas. Por mais que, o caminho fosse conhecido por todos, sempre ocorre à presença de estratagemas infiltrados nos locais mais impossíveis, no entanto, capazes de finalizar a batalha em segundos. Saímos pontualmente na zero hora que equilibra o fim de uma era e o começo do imaturo dia.
Todos atentos ao tradicional discurso do Cícero Britto (Presidente do Clube Audax CWB) referente aos cuidados e utilização dos equipamentos de segurança, contudo, e, da mesma forma, apreensivos com as condições atmosféricas, pois, o dia imprimiu nuances de sol e chuva, acrescidos do frio curitibano. Preparar se foi à palavra chave e, após galgar as famosas colinas do bairro Campina do Siqueira, um leve aquecimento acolheu cada guerreiro num curto espaço de tempo. Ao término do aclive, a descida da Praça da Ucrânia trazia o vento gélido e feroz na face de cada ciclista demonstrando que, sua presença seria sentida e persistente ao longo de todo o desafio. Mais alguns metros o cuidado ao cruzar a via rápida da Rua Martin Afonso e logo à frente, o imperfeito asfalto na Rua Fernando Moreira e Rua Visconde de Nácar começavam a minar silenciosamente as articulações. Antes de acessar a Avenida Sete de Setembro e conectar a insuficiente ciclofaixa presente na cidade, havíamos ultrapassado pelo menos uns dez semáforos.Vencido o trecho mais crítico da cidade que, ferve intensamente quando a noite reina e o final de semana opera, a longa reta em busca do bairro Bacacheri durante a pedalada na Rua José de Alencar trouxe uma paisagem atípica. Durante o dia é impossível à presença de bicicletas nessa via devido ao grande fluxo de veículos e, a falta de respeito dos condutores. Enfim, bora sair do trecho urbano e conquistar o nosso terreno predileto, “as estradas”. Todavia, a cautela deve ser mantida sempre e ao cruzar a linha férrea no bairro Bacacheri um dos resistentes lutava contra o imprevisto. Isaias Domingues brecou o seu ritmo predominante após quebra da corrente, mas logo se recuperou. Contudo, vencida a travessia do bairro Bacacheri é importante perceber como uma única rua muda diversas vezes de nome. Você acessa a Avenida Munhoz da Rocha e num trecho de pouco mais de três quilômetros ela muda bem dizer três vezes de nome. Assim, logo estávamos acessando a temida BR 116 e nos despedindo da iluminação urbana. Nesse instante é primordial farol dianteiro potente e zelo ao trafegar pelo acostamento. Ultrapassado os ponteiros do tempo a madrugada gelada anunciava uma hora da manhã e a conquista da cidade de Quatro Barras e Campina Grande do Sul. Bem dizer a rodovia era somente nossa.
Privilégio de poucos e graças à mudança no trajeto à organização optou por seguir a rodovia Régis Bittencourt até o acesso ao Contorno Leste. Isso propiciou mais segurança e ganho de tempo e, a cada metro vencido a estrada estrangulava mais e mais os trechos de iluminação nos acessos as cidades adjacentes à rodovia e, dávamos boas vindas ao Contorno Leste. Pouco trânsito de caminhões, mas mesmo assim presentes, e, antes de acessar a próxima rodovia, nos deparamos com uma cena nada agradável. Ocorrera atropelamento e as causas do fato uma incógnita. Destaque especial ao guerreiro Randonneurs que sinalizou a pista nesse momento e garantiu a travessia dos demais. Estávamos num trecho de velocidade e não houve tempo de observar o que ocorria. Segue o nosso muito obrigado, guerreiro!!! Passada a cena era importante manter o foco de atenção em duzentos e vinte e cuidado mais que redobrado no acesso a BR 376. Estávamos a poucos quilômetros do primeiro posto de controle. O frio apertava mais ainda e o sono dava sinais de presença. Conquistado o primeiro PC a saída deveria ser breve, pois o organismo ativo carecia de movimento. Mais alguns quilômetros à frente avistávamos a entrada de Tijucas do Sul. Rodovia estadual com acostamento inexistente, a PR 281 que liga Tijucas do Sul a Agudos do Sul estava em silêncio absoluto. Era o meio da madrugada, presente. Menos de vinte quilômetros nos separava do acesso à rodovia estadual até encontrar novamente a receada BR 116. Todavia, a densa neblina ofuscou a visão de um dos Resistentes e entre as nuances do declive traiçoeiro, em Agudos do Sul, algo estranho ocorrera. Uma diminuta luz cruzou a rodovia. A companheira fiel do veterano José Assumpção, sua neguinha, estava sem controle. A quase setenta quilômetros por hora o acidente era certo. Sem freios, devido à neblina, sem controle e prestes a se arrebentar em plena descida, de repente, um diminuto feixe de luz cruzou a rodovia. Não sei se era um animal, mas foi o suficiente para buscar com todas as forças, o controle da bicicleta e escapar numa fração de segundos do guard-rail.
O sono (risos) sumiu de imediato e a batalha seguiu. Ufa! O dia nascia novamente. A madrugada fenecia e a minha mente vislumbrava com alegria as imagens contidas no meu intimo, onde somente o ciclista consegue perceber durante uma pedalada dessas. Todo o clima do interior retido dentro do peito. O silêncio, as nuvens gris e o tom azul pescador eram colhidos fielmente pelos olhos atentos e a campina pura e longínqua, no horizonte, se despedia provisoriamente. Vinte quilômetros de êxtase e imagens fantásticas da madrugada gélida e implacável. No entanto, a batalha seguia e próximo das seis da manhã a igreja matriz em Agudos do Sul, os Resistentes contornavam. O cansaço prevalecia intensamente, porém, mais de trezentos quilômetros faltavam para o término da peleja. Foi muito importante com toda certeza pedalar na Rodovia Estadual PR 419 no começo da manhã. Pudemos perceber que houve recapagem da pista, contudo, o acostamento é zero durante os mais de dezessete quilômetros até a BR 116. Após as oito da manhã o PC 2 era usurpado (risos). Bora pedalar na receada BR 116. Seriam mais de quarenta quilômetros duros e, duros no sentido conotativo (risos) porque a denotação e robusteza do piso negro, indicava o quão cabeludo é transpor essa estrada, mesmo num trecho tão curto. Vale ressaltar como é traiçoeiro o acostamento da BR116. Basta um momento de desatenção para a famosa mordida de cobra (risos) operar na câmara sem dó! Dessa vez eu estava atento e próximo das dez da manhã os Resistentes chegavam ao PC 3. Reforço na alimentação e canalizar parte das energias e mente para superar um trecho longo até Porto Amazonas. Essa era a intenção de Anderson Oliveira e José Assumpção. Saída rápida, corpo dando sinais de alertas na articulação, o deleite seria apreciar ao máximo a pintura de rara beleza entre Campo do Tente e Lapa. Foi à última vez (risos) que avistamos o “The Flash”. Todavia, sem se alongar muito é importante o cuidado na travessia da ponte de ferro em Campo do Tenente. Após esse trecho os paredões de calcário eram vistos com alegria. É uma imagem única! Um espetáculo da natureza. Contudo, as condições da Rodovia Estadual PR 427 entre Campo do Tenente e Lapa é lastimável. Há sinais de recapagem, mas o acostamento continua nulo. Passado mais esse entrave, cruzávamos a BR 476 e novamente adentrávamos na PR 427. O asfalto é formidável, associado à paisagem espetacular, porém, o acostamento é ínfimo em alguns trechos e noutros inexiste. Creio que a parte mais pesada do desafio estava prestes a começar. Não é tarefa fácil superar os quarenta quilômetros da Lapa até a BR 277.
Os intervalos entre descidas e subidas minam as forças e começam a mexer com a mente. Vencido o trecho, Porto Amazonas e sua famosa subida aguardavam os despreparados (risos). Alimentação rápida a meta fora vencida e menos de vinte quilômetros nos separavam do PC 4. Ô, subidinha danada (risos) e mais oito quilômetros até a BR 277. Esse trecho também rouba muita energia e as curvas infinitas da BR 277 durante o trecho de terceira faixa, acabam com o cara. A Rodovia põe em xeque a mente do Randonneurs. Desistir? Esse verbo perturbador entra em ação copiosamente, mas, metade da prova fora superada e devemos lutar. Randonneurs é sinônimo de luta! Sinônimo de loucuras extremas! De abdicar de tantas coisas e superar os limites. Quando você entra na estrada algo se transforma de maneira incontrolável. O novo personagem em cena assume papel de protagonista inúmeras vezes e o final pode ser vitorioso ou desastroso. No entanto, tudo se transforma dali por diante e o espírito guerreiro rejuvenesce e alma do ser, se eleva. Bom, voltemos ao pedal (risos). Superado o trecho de terceira faixa no recanto dos papagaios em Palmeira, o PC 4 era avistado. A tarde perecia e a noite novamente reinaria. Relevante ao extremo uma alimentação rápida, pois o trecho até o PC 5 no Posto Panorâmico carecia aproveitar os últimos raios de sol. Talvez, esse foi o trecho mais fácil devido aos longos trechos de aclive, contudo, é lei no ciclismo: (risos) se você desceu gostoso hombre (risos novamente) se prepare muito bem pra volta (risos). Acostamento impecável a neguinha se deliciava. Em alguns trechos era só soltar o maquinário e notar o ciclocomputador acusar sessenta e setenta quilômetros por hora e, pouco depois das dezoito horas o PC 5 fora alcançado. Cautela com a alimentação, agora falta pouco. Nesse momento meus olhos brilharam. Duas pessoas ali presentes que, com plena certeza são exemplos de superação. Um deles “ ô, Ridler” apelido do Luis Antonio comandante da equipe Sprint Tour e o outro Luís Nyznyk, “o Tresk”. Não é tarefa fácil encarar um desafio desses com um ganho de elevação pesado. E, em nome da Equipe Ciclismo de Resistência parabenizo ambos, mas, (risos) ainda faltavam mais de oitenta quilômetros pro término do desafio e como sempre as variáveis estão ativas e inexoráveis a cada metro superado. Durante todo o trajeto conversava com o meu capitão, Anderson de Oliveira, inúmeras vezes. Meu ombro direito dentro da equipe e mais que irmão de coração, superávamos os limites, porém, tínhamos a certeza que o desafio era digno de campeões e fechar, a meta a ser alcançada. Despedimos-nos do pessoal no Posto Panorâmico e a noite era suprema. Aqui abro um parêntese: a condição climática foi extrema favorável. Mesmo diante do frio intenso em alguns trechos, com chuva a peleja seria mais densa. Até mesmo o vento deu sua trégua! Contudo, as previsões são apenas previsões e, o tempo pode mudar sua condição em minutos, mas não e, bora fechar esse BRM “RESISTENTES”. Tudo que desce tem que subir de algum jeito (risos), as articulações incomodavam em demasia. Dessa maneira, bastava um momento de desatenção e ponto final. O trecho na ponte do Rio Tibagi tem um degrau de escoamento lazarento e traiçoeiro no acostamento. É momento de velocidade e, havia esquecido o dito cujo. Numa fração de segundos entre o acostamento e a pista foi possível o desvio na única brecha que há. Ufa! Quase (risos) e, infelizmente a condição do acostamento não se aproximava nem perto do sentido inverso. Foi o golpe final. As articulações sentiram em demasia. A dor operou ferozmente. O joelho e ombros me atormentavam. Chega José! Pare, há tempo. A voz interna e nefária me amofinava e, próximo das nove da noite chegávamos ao último posto de controle.
Exausto, com dor e faminto, tinha a única certeza: bora saborear um Elma chips (risos). Naquele horário a comida é escassa e a fome gigantesca. Todavia, lá estava o Cícero. Bem dizer em quase todos os pontos de controle ele esteve incentivando, energizando e (risos) pra minha sorte uma caixa repleta de sanduiches e muitas frutas. Cara, se tem um pecado capital que eu venero (risos) é a gula. Perdi a conta dos sanduiches que comi e, para dar o toque final quatro copos de veneno. Tava feliz da vida! Bora fechar o BRM! Todavia, havia mais um salteador na espreita esperando o momento de agir: “o sono”. Anderson de Oliveira observava o meu zigue-zague após o posto da PRF. Nem a dor e o cansaço conseguiam ser mais ameaçadores naquele momento. Que luta! Por vários momentos vi pessoas caminhando na minha frente. Animais e, tantas outras alucinações que, um conto macabro jamais alcançara tamanha intensidade. Parei a neguinha. Falei pro Ander: Ander, siga logo te alcanço e, tentava resgatar forças porque iria me deparar em breve com a descida da Serra em São Luiz do Purunã. Que dureza! Nem um gole de Dreher mudaria a sentença. Mas, pouco a frente o ponto de ônibus após o pedágio me chamava. Venha, José... estou te aguardando. Por outro lado, eu sabia que se parasse ali seria o fim. Então, abri a caramaiola. Joguei a pouca água restante na face e esmurrei o rosto com raiva. Menos de trinta quilômetros, sim. Tempo de sobra, sim. Muito sono? Sim, também. E, tinha que seguir em frente. Naquele momento sentia a presença da esposa, da filha e filho. A nova imagem que me guiava e acompanhava deu forças e rumo para vencer a temida descida. Conectei o pedal na neguinha e pouco a frente o Ander me esperava. Tudo certo, Zé? Ele perguntava e no balançar da cabeça indiquei o meu sim, certeiro.
Tarefa árdua e cautelosa a descida da Serra. Fluxo intenso de veículos e caminhões e em poucos minutos vencíamos a descida e, lá estava à imagem da vigésima segunda hora do Fléche. Lembrei intensamente e o espírito guerreiro ascendeu. O sono fora banido e as alucinações acalmaram. Menos de vinte quilômetros e, os outros fantasmas presentes, assombravam a conquista. A dor se apossou definitivamente, mas a perseverança manteve a cadência das pedaladas. Próximo da meia-noite, mas agora há alguns metros da chegada os “RESISTENTES” completavam o desafio. Com muita alegria nos abraçamos e, mais uma vez agradecemos:


Primeiramente a Deus e a nossa família pelo apoio. 
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Cleidson Mendes Dos Santos da Copenhague Esquadrias de Alumínio.
Vaaaaaaaaaaleu!!!

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