Aprender é necessário...
Cada queda sofrida, nessa
existência, uma certeza é clara: será necessário recomeçar e o primeiro passo é
admitir o “erro(s)”.
O dia de hoje não estava
promissor para iniciar as pedaladas dominicais e solitárias como já é de praxe.
Todavia, o entusiasmo que colaborou e impulsionou o momento se chama amizade. A
muito custo formou-se o pelotão de ciclistas e cada qual abdicou do seu tempo
valioso e seguir o chamado. Local combinado, horário igualmente e no ponto de
partida a energia imposta para superar o objetivo, irradiava alento ao espírito
dos seres ali empenhados a chegar e superar os rumores interiores que,
colaboram e incentivam a chama do desânimo. Afinal de contas, o trecho de 20 km
de ida era repleto de nuances e o relevo pouco favorecia. Outro drama era
inserir na mente que o motor que impulsiona a máquina é cada um e os demais
grupos apostos para iniciar suas pedaladas, deixavam a mostra magrelas
incrementadas e equipadas com artigos de última geração. Nesse instante a mente
gira em contratempo e o olhar capta apenas beleza exterior e inferniza a mente
para acender a tal chama do desalento. Passado o instante começa a pedalada.
Todo o cuidado é repassado para ficar alerta porque estávamos em uma rodovia de
fluxo intenso de veículos, independente de ser domingo. Cumes, retas infinitas
e acostamento sujo eram superados um a um. Da mesma forma o suor percorria a
face e cada gota que caí no solo moderno, a marca deixada demarcava que ali eu
passei e superei. O vento forte também era outro fator pouco favorável, mas a
diminuta chuva refrescava o corpo, então, chegamos. O alívio estava estampado
em cada face e as fotos do feito são a prova mais saborosa para indicar
lembrança as novas gerações. Após falei aos camaradas que a volta seria fácil e
iriam se espantar com o desempenho, mesmo cansados. Dito e feito e a energia
positiva operava velozmente esmagando o cansaço. Todavia, a autoconfiança
operou danosamente em mim quando um pelotão passou por nós e arrogantemente
pediu passagem. Olhei para cada camarada, e olhei mais ainda para a pista limpa
e gritei: ”VAMOS”! O comando injetou fantasticamente substâncias secretas e
muito bem escondidas em cada um e ao perceber que já estávamos a mais de
45km/por hora no início da subida mais
ainda avistávamos o pelotão arrogante. Nesse instante esqueci-me de tudo.
Cegamente eu corria ao encontro do nada e no toque raivoso no trocador de
marchas comecei a pedalar de pé e percebia que os camaradas vinham na mesma
cadência. Todavia, bastaram míseros segundos para se esborrachar no asfalto. A
queda fora estabelecida. O equipamento precioso deixei em casa e a eternidade
daqueles felizes segundos. Sim! Feliz segundos porque o caminhão que iniciava a
descida estava bem distante poderia findar todo o meu empenho até então conquistado.
Raciocínio algum opera nesse momento e a única palavra que veio na mente foi:
Me, fudi! Exato, foi um baita tombaço. Imediatamente os camaradas me rodearam e
outros ciclistas pararam e foram solidários. É nesses momentos que descobrimos o interior
de cada ser. Tempos depois eu tinha a sã consciência da merda feita e os
camaradas afastando isso da minha mente. Levantei-me e a dor era intensa. Sabia
que precisava radiografar e verificar com mais cuidado a queda, mas continuar
em frente era necessário e no término da pedalada de volta nos dirigimos ao
pronto-socorro mais próximo de bicicleta. Para mim pouco importava a dor
intensa, a minha Babilina ( é o nome da minha bicicleta) danificada. O que me
impulsionava era os camaradas. Nunca pedalei tão feliz como o dia de hoje e
apesar de uma luxação e afastamento de ombro, somado a fratura em um dos arcos
costais, a tal costela que a turma fala, eu amadureci um pouco mais pra dizer:
errei! E até coloquei em risco meus amigos, por isso sou penalizado com a dor
do corpo e saiu barato demais, a conta. Valeu grande Alex parceirão sempre e
Fagner meu camarada gente boa, vamos pra cima deles logo, logo...
“Segundos determinam o tempo de
cada um nessa existência entre o paralelo que há em viver e morrer. Hoje eu vivi!
E o pelotão de ciclismo obedece sempre o chamado. Portanto, certifique-se da
segurança antes de iniciar uma investida.”
Obs. – créditos da postagem a
esposa porque digitar sem chance por enquanto rsrs.
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