O BAR DO BILO 4º MOMENTO – FIRME, FORTE E RÍGIDO



Começo da temporada do estadual e o tal de futebol continua mexendo com os nervos da turma a cada partida disputada. E aqui nas paragens do sul não é diferente o esquema a não ser por um pequeno detalhe.

O saudoso e hospitaleiro Bilo está puto com seus clientes fieis que batem cartão toda segunda-feira, depois do churrasco de panela conturbado em seu bar. Desta maneira segue a falta de coragem para reatar os laços com o chegado que detém o liquido precioso da galera – a famosa caninha Trevisan – e uma distancia se proferiu de momento.

Algo tinha que ser feito ante o mal entendido e o parceiro Péricles e o folgado do Pacheco estavam me aporrinhando por demais.

– Pô Zé, precisamos se retratar com o Bilo! Indagou o parceiro Péricles que já estava se acostumando a bater cartão no bar também.

– Zé! Você foi arrumar justamente o bar do bilo pra levar as moças! Pisou na bola!

Ter que aturar os comentários do Pacheco a me cobrar é pior que empate do furacão com o lanterna do campeonato em plena arena da baixada. Mas a situação estava difícil e diante da situação dei o braço a torcer pros comparsas de plantão. O que fazer? Passava sempre uma quadra longe do bar a avistar o Bilo ajeitar as mesas e a coragem de atomizar o território sem chances de colaborar. Logo pensei.

– Se chegar mais próximo ou o Bilo joga uma garrafa na minha cabeça ou manda a patroa dar um alinho no traia vacilão. Pra piorar ainda mais o time do Bilo – o Paraná clube – estava beirando a zona de rebaixamento do estadual e ao longe se via a face de angustia do torcedor sofredor. Que situação e mesmo tomando um dreher via que a dureza era grande para superar o infortúnio.

Esperei a próxima segunda-feira chegar e o resultado de fim de semana colaborar com a investida a falar com o Bilo e por sorte o time dele ganhou na terra do porco no rolete de forma surpreendente.

– Bom dia bilo! – Parabéns pelo resultado de fim de semana! Uma conversa extremamente furada, mas vai se fazer o que ante os fatos e meio arisco com um pé dentro e outro fora aguardei ansiosamente o revés do bilo.

– Sim foi uma vitoria maravilhosa! Fiquei de queixo caído e logo matutei em silencio.

– É! Futebol faz uma transformação na mente de cada um! E percebia que o passado se apagara na mente do bilo. Será?

– Zé, a ultima vez que esteve em meu bar, não engoli o desfecho, ainda mais com a minha mulher chegando e agitando. – Mas hoje é dia de comemorar a vitoria do meu time e sente aí que vou buscar a caninha Trevisan.

Era bom demais pra ser verdade e ante os fatos meus olhos brilhavam de alegria, lógico pela mardita que arde e esquenta e mais ainda em saber que o ambiente precioso do bate cartão abria as portas novamente pro descarrego prazeroso dos amantes de futebol. Aquele talagaço desceu de forma estupenda pela garganta e o sorriso do bilo era intenso.

– Bilo sei que pisei na bola... Nem bem terminei o comentário o bilo falou como sempre calmamente.

– Zé! Fiquei brabo, mas o tempo passa rápido e sua falta era sentida por demais em meu bar a freqüentar!

Fiquei muito feliz e após agradecer o bilo e degustar mais um talagaço da preciosidade prata da casa – a caninha Trevisan – comentei.

– Preciso avisar a turma bilo, pode ser? O bilo deu o sinal de ok dizendo.

– Sejam bem vindos! Pra adoçar um pouco mais a situação resolvi convidar o bilo pra uma pescaria, pois sabia que o seu compromisso do dia a dia no batente não dava trégua alguma pro dito ter um fim de semana longe dos afazeres.

– Bilo sei que gosta de pescar.

– Vamos aproveitar que a lua está na fase cheia e arrumar os apetrechos.

O bilo se surpreendeu com o convite e como fazia tempo que não molhava a minhoca – pra pescar – aceitou no ato. Na noite seguinte repassei pros comparsas as novidades e cada um se emocionou com as boas novas. O Pacheco como sempre deu um cutucão.

– Ainda bem que consertou a burrada Zé! Novamente engoli a seco o comentário do traia do Pacheco, porque a alegria era por demais e indaguei.

– Não esqueça que tem COPA neste fim de semana Pacheco e teu time tem que abrir as pernas pro time do bilo senão...!

O Pacheco como sempre deu uma risada forçada e tudo parecia estar em ordem novamente na joça. Combinamos a pescaria de fim de semana e o poçante do parceiro Péricles estava impecável. Chegando ao ambiente da tranqüilidade notávamos que o peso de uma noitada no outro ambiente adverso – o da dor – sumira por completo e a cada peixe fisgado a alegria contagiava os pescadores.

O bilo não esquecera a relíquia e na sombra de um arvoredo o liquido precioso enchia cada copo após o talagaço prazeroso. O exagero na dose não podia comprometer o retorno, pois se beber não dirija e após passar o efeito do álcool na mente voltemos satisfeitos. O domingo aguardava o agito no batente e o clássico de fim de semana ditava que a situação do pós-clássico seria sentida logo pela manhã no bar do bilo.

Um jogo de compadre como sempre e o suado 1X0 deu fôlego pro time do bilo se afastar um pouco do rebaixamento, mesmo com a mudança de técnico. Chegamos ao bar após o compromisso com o ganha-pão e o Pacheco como não é bobo, nem cutucou o bilo. – Vejo que meu time agora se acerta aos poucos! Comentou o bilo com firmeza a encher o copo dos clientes fieis. Ao sair cambaleante do bar no apoio do ombro do parceiro Péricles escutava um rápido comentário.

– É Zé! Tenho saudade daquele time de 1982!

O sono pegava pesado e o gole precioso da caninha prata da casa travava ainda mais o meu pensar para colaborar com o parceiro.

– Lembro! O bilo gritou de dentro do bar e se aproximou dizendo:

- Você é saudoso Péricles e sinto da mesma maneira as suas palavras, pois o meu time era firme, forte e rígido o saudoso Colorado boca negra e o que vejo hoje não me agrada de maneira alguma na fusão feita. O desabafo do bilo era verdadeiro, mas nos dias atuais o futebol arte abre espaço para interesses, mas futebol, política e religião não se discutem e assim nos despedimos do bilo a aguardar a nova peleja de fim de semana e bater cartão no bar do descarrego...



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