CARIOCA, FRIO E GENTE MUDA


É gente fina as paragens aqui do sul são de difíceis adaptações e pra quem é carioca, vive o drama de quatro estações em um dia de plena primavera. Tenho certeza que dificilmente ira lembrar-se de mim, pois a condição da sua presença foi extremamente animadora, pelo menos pra mim, e sei que as inúmeras cadeiras vazias se comportaram como um novo livro esquecido na estante. Nossa! Que delírio soava na sua fala fugaz tentando tirar a agonia do descaso da leitura, da escrita e mais ainda da nova calça de jeans desbotada que você não ganhou pela presença, onde era clara a necessidade do seu ser criar algo para determinar aquele momento. Sentei mais precisamente na fileira D da cadeira de numero 6, pois gosto deste numero por lembrar um jogo de blefe “o tal truco” e assim a cada investida do entrevistador, você gritava seis pro sujeito, para ter certo tempo a calar a sua fala retida no peito pra dizer claramente, pro dito cujo. “Magro o negocio é o seguinte, não queira a resposta imediata do que você já sabe, portanto continuemos”. E assim seguiram-se os ponteiros de um relógio perdido no tempo. Muitas vezes você mencionou a condição temporal, mas o fato deste rascunho rico em beleza, de uma arte de expressar a fala da escrita foi passado a limpo somente depois que a participação do publico “esperado” se manifestou. Oh povo conservador e tímido este de core etuba (terra de muito pinhão, segundo os índios, ou melhor, os verdadeiros brasileiros de tempos imemoriais) que precisa sempre de um empurrão para se manifestar e assim foi à primeira pergunta. – Você se considera um diletante? Bom, por mais que o traia que fez a pergunta quisesse saber a resposta certa, ele nunca obteria o resultado da questão, pois propagar a escrita no Brasil é luta de mocinho de faroeste que não anima nem os colecionadores mais efusivos e apaixonados que possam ainda existir. Mas algo tocou claro e forte no momento que seu olhar tentou localizar a fala do curioso e detalhar o porquê da sua presença e mais ainda a resposta. Mas realmente deve ser uma praga infernal o camarada passar sentado quase uma hora enclausurado entre as câmeras e uma platéia comodista. Mas enfim, faz parte do oficio e alguma pergunta tem que surgir para aguçar e cutucar o senso critico, para quem sabe um novo momento possa surgir e quebrar o tal do gelo , como a turma diz. Mas o frio do teatro do Paiol era outro e por mais que um louco tivesse a coragem de dizer o contrario desta afirmação, seria apenas calado e silenciado com uma coberta de risos da platéia gelada do sul. O curioso disto tudo são os atalhos que as pessoas buscam para acelerar e traçar o caminho da conquista da pessoa focada para aproveitar-se de “momentos”a perguntar com tamanha profusão de detalhes como chegar lá e desta forma o reconhecimento pelo trabalho do fulano fica jogado no lixo, menosprezado e mais ainda rasgado por saber que ele está ali pra outra finalidade “difundir a literatura” que é artigo de luxo neste país. É! O jeito é ser breve e guardar este momento antológico conquistado através da escrita (o autografo no jornal) , a fala (o olhar vivo para pergunta que fiz ) e a imagem (de um cara gente boa) que tive o prazer de dar um aperto de mão,um abraço e tirar uma foto desfocada , mas de DUAS PESSOAS FELIZES ...valeu gente fina e sucesso na sua peleja fora do BRASIL ...fica com DEUS...


Obs.- meu comentário sobre a entrevista concedida pelo escritor João Paulo Cuenca em 08/10/2008 quarta-feira as 20h00min no projeto PAIOL LITERÁRIO... Apresentador provisório Rogério Pereira (editor do jornal o RASCUNHO)...

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