Folha de Guiné
Na porta de entrada a observar – após o levante de uma noite de descanso – aconchegado no tronco do limoeiro se encontra o pé de guiné. Tempos passados num conto de roda escutava atentamente a importância da planta a ter no terreno. A muda adquirida depois de muita procura demorou a se manifestar e crescer. Por quê? Hoje é jeitosa e o cheiro da folha é intenso. No momento que o invisível interfere o equilíbrio é no guiné que coleto com a mão direita três folhas e após mentalizar a necessidade de espantar o desequilíbrio jogo ao vento a folha que aos poucos murcha e seca lentamente consumida pela carga da iniqüidade que chegou ao lar. Na montagem das palavras do texto “Fortaleza” a citação da folha não há, mas a estrada que caminha o andarilho existe e hoje é coberta pelo barro preto do homem moderno. No dia abençoado que o caminho surgiu ante a poeira da estrada do passado, pedalei por quilômetros e após passar por três pontes avistei ao lado esquerdo da estrada uma casa de cor verde. Nos dizeres de entrada notei que se tratava de uma tenda espírita de um cacique que não recordo o nome. Parado do lado direito da estrada já desmontado da minha magra fiquei em silencio e na sombra da encosta sentia toda a paz do lugar abençoado. Ali o conto de roda voltou forte na memória e lembrava-se da alusão de um caboclo na voz da contista que nas vespertinas da época ficava horas a detalhar esta ocasião aos infantes curiosos e atentos. Num certo trecho da estória era mencionada a casa do caboclo cercada pelo verde da mata. No terreno a presença de varias ervas traziam a importância da busca de inúmeros viajantes ao local bendito. Lá uma planta de aroma intenso ficava na porta de entrada e o caboclo tirava três folhas para o viajante seguir e soltar na passagem pela terceira ponte que avistasse no retorno ao lar. O motivo do gesto não era questionado pelos ouvidos atentos, mas o tempo trouxe a identificação ante a necessidade do retorno ao lar ser calmo para obter a paz do lugar visitado. Na paragem momentânea não consegui notar as ervas do terreno, mas a marca pela passagem nas pontes fez com que o retorno no tempo fosse de extrema importância. Naquela noite as palavras vieram fortes a constituir o texto “Fortaleza” e no termino abri a porta do lar e no brilho da lua nova via o guiné a balançar suas folhas. Naquele instante coletei três folhas e caminhei descalço até a frente da morada. A rua deserta trazia a estrada na memória, então deixei as três folhas coletadas em forma de trevo a receber a força do luar e ao fechar a porta uma paz se fez presente. Ali diante da leitura sentia a caminhada de um andarilho diferente em palavras. Era a mistura do cacique e do caboclo a ofertar um momento mágico em palavras. Na matutina chegada do dia levantei rapidamente para notar as folhas do guiné compostas pela mão em forma de trevo e já não estavam mais lá. Cabisbaixo retornava lentamente e na leitura do salmo precioso entendia um trecho marcante. “Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia...”. O salmo, o guiné e a fé de cada um são um mistério. Mas é importante notar que sem defesas o individuo fica vulnerável a carga da energia ruim. Hoje a cada momento coleto com alegria a passagem por diversos lugares e se um dia o caboclo passar novamente na lembrança, saberá que foi um instante para refletir ante o alerta a seguir a difícil estrada do bem...
Quando eu estudava a Umbanda, descobri que a planta de guiné era minha planta espiritual. Então no dia tal tinhamos que colher suas folhas para fazer um ritual. Realmente é uma planta muito forte.
ResponderExcluirvc já tinha me contado esse caso... bastante interessante. eu conheço a planta de ouvir falar, mas nunca soube maiores detalhes.
ResponderExcluiraonde agente se encontra ela .ela tem outro nome maias façil?
ResponderExcluirAgradeço a leitura e visita, amigo anônimo... então, acredito que o nome popular da planta é guiné mesmo, ok!? Boa sorte na procura
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